Atribuído a Vatsyayana, autor que teria vivido na Índia provavelmente no século IV d. C., Kāmasūtra é um conjunto de aforismos (sūtra) sobre o “gozo dos sentidos” (kāma). Em outras palavras, é uma espécie de guia sobre os prazeres sensoriais. Dividido em sete “livros” – tal como a Bíblia, por exemplo –, o Kāmasūtra difundiu-se no Ocidente a partir de uma tradução publicada em inglês por Richard Francis Burton (1821-1890) em 1883. Essa tradução, porém, limita-se ao segundo “livro” do Kāmasūtra – o “Livro do sexo”, que descreve sobretudo técnicas de coito entre homem e mulher. Ou seja, a íntegra dos sete “livros” do Kāmasūtra não se restringe ao intercurso sexual – mas a tradução de Burton, ao se limitar a apenas um deles, fez desse título um sinônimo de “manual do sexo”. Todos os capítulos são encerrados com poemas. Há diversas edições intituladas Kāmasūtra disponíveis em português. Nenhuma delas, porém, foi traduzida diretamente do idioma original. A edição do selo Tordesilhas é a primeira vertida do sânscrito para o nosso idioma, inclusive respeitando a forma como o texto surgiu no século IV (Burton incorporou, em sua tradução, os comentários acrescentados por um autor chamado Yaśodhara, no século XIII, que na edição do Tordesilhas estão em lugar adequado: nas notas de rodapé). O trabalho foi realizado por dois especialistas formados pela Universidade de São Paulo: Daniel Moreira Miranda e Juliana Di Fiori Pondian. Além da tradução pioneira diretamente do sânscrito, a edição do Tordesilhas, em capa dura, é ilustrada pelo artista plástico argentino Alfredo Benavídez Bedoya, e contém posfácio de Eliane Robert Moraes, professora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da USP – e estudiosa da literatura fescenina. O volume traz ainda um glossário e uma “Tabela de correspondências para leitura dos termos em sânscrito”. (extraído de Amazon)