O contrato de cessão de direitos autorais, datado de 18 de julho de 1874, declara que “O Sr. Dr. Bernardo Joaquim da Silva Guimarães, vende a B.L. Garnier, a propriedade, com todos os direitos de autor, de sua obra intitulada A Captiva Isaura, pela quantia de seiscentos mil réis, que serão pagos, ao primeiro pedido de autor”. Em maio de 1875, o volume já se encontra à venda, com o título definitivo, pois o Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, em 29 desse mês e ano, publicava crítica à obra. Um outro periódico, A Reforma, também do Rio de Janeiro, ainda lembrou que o romance do mineiro lembrava as páginas de A Cabana do Pai Tomás, de Harriet Beecher Stowe, registro literário que contribuiu intensamente para a abolição da escravatura nos Estados Unidos. Os princípios humanitários são sustentados por Bernardo Guimarães neste livro de sensações, de cenas verossímeis e tocantes sobre a história de uma escrava peculiar, com sua alma virtuosa, tormentos e perseguições. É possível, que Bernardo Guimarães, ao escrever A Escrava Isaura, estivesse pensando em em criar uma arma de combate em prol da abolição definitiva da escravidão no Brasil. O romance, publicado poucos anos depois da lei do ventre-livre, promulgada em 1871, nasce numa época em que a luta contra a escravidão começava a sair do plano das palavras para o plano da ação. Isaura, a personagem central e que dá nome ao romance, tem uma desgraçada sina: branca, formosa, virtuosa, com apurada educação que a patroa lhe deu, nasceu de mãe escrava. Abolicionista convicto, Bernardo Guimarães fez de A Escrava Isaura uma obra de tese abolicionista.
(extraído de Google Books)